quinta-feira, 29 de abril de 2010

O que faço pelas noites sem fim?

Após o primeiro dia de um simpósio, penso em certas bases neurais que deveriam ser modificadas. Quem dera os sentimentos cedessem às duras apreciações da Razão! Me tornaria, assim, um digno discípulo de Ovídio, o poeta romano que presunçosamente se julgava mestre na Arte do Amor. Mesmo ele, porém, precavido, prestava suas homenagens à ela, Vênus, a Deusa daquilo que todos temem e desejam. Assim também procedo, mas à maneira de Lucrécio:

"É por ti, ó Vênus, que todas as espécies vivas são concebidas e, uma vez
chegadas à existência, vêem a luz do sol; diante de ti, ó Deusa, à tua
aproximação, fogem os ventos, fogem as nuvens; sob os teus passos a terra
fecunda estende seus doces tapetes de flores, as ondas do mar te sorriem, e, por
ti, no céu apaziguado, espalham-se e resplendem as luzes..."

E, em mais uma noite dedicada à contemplação da moça amada, descubro, entre os livros, alguém que também não dorme:

"Você pergunta o que penso
pela longa noite?
Passo-a ouvindo
a chuva forte
batendo nas janelas."

(Izumi Shibiku)

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