domingo, 9 de maio de 2010

Pensamentos de um Sábado

Ontem, mais um sábado. Sem ensaios e estudos do Duo, mas com aulas de metodologia. O que fazer, o que não fazer. Regras, críticas, planejamento. A arrogância do pensar, o apego aos Dogmas - precipitadamente tomados como privilégio das religiões - estão presentes também na Filosofia ou Ciência, fabricando-nos apáticos, carentes de inspirações, obsessivos, antipáticos, donos da verdade, ainda que arrotemos com verdadeira convicção de que não há uma única, mas várias, e fazendo dessa proposição mais uma verdade verdadeira para a coleção dos sábios (verdadeiros), única e indispensável. E seguimos inflados, perfumados e arrumados, pois somos doutores, acadêmicos, intelectuais, pensadores, sistemáticos... E tantos outros disfarces de merda que usamos para enganar aos outros e a nós mesmos e tampar com a peneira o sol de uma vida vazia e fútil.
É possível fazer um bom uso das coisas, eis a minha impressão. No almoço, um papo legal... Sem vinho, mas sobre Heidegger(aquele alemão infernal), Música, Arte, Academia e coisas da vida anunciam a concepção de novos planos e o devir de novos sonhos. Não tão novos, é verdade , mas atualizações de coisas perdidas, desistidas.
E eis que, no retorno à classe, ao ler em voz alta e solene um artigo sobre Fernando Pessoa, divago e declamo, em silêncio, para mim e minha solidão:
Como nuvens pelo céu
Passam os sonhos por mim.
Nenhum dos sonhos é meu
Embora eu os sonhe assim.

São coisas no alto que são
Enquanto a vista as conhece,
Depois são sombras que vão
Pelo campo que arrefece.

Símbolos? Sonhos? Quem torna
Meu coração ao que foi?
Que dor de mim me transtorna?
Que coisa inútil me dói?

(Fernando Pessoa, 17-6-1932)

E minha divagação só foi contida quando fiz disto uma prece: "Que a Arte nos aponte uma resposta..."

- Quod script, script.

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